Doença autoimune de caráter inflamatório crônico, o lúpus eritematoso sistêmico (LES) afeta diferentes tecidos e órgãos no corpo, como pele, articulações, rins, cérebro, pulmões e coração.
Mais frequente em mulheres do que em homens, a doença pode atingir pessoas de todas as idades, no entanto, é vista com mais frequência entre os 20 e 40 anos de idade. Por ser uma condição sem cura, é muito importante que o diagnóstico do lúpus eritematoso seja realizado de forma precoce, permitindo assim que o indivíduo tenha um tratamento adequado e efetivo, melhorando sua qualidade de vida.
Por esse motivo, no artigo de hoje, vamos apresentar tudo o que você precisa saber sobre o lúpus eritematoso sistêmico, doença autoimune que pode ter sua progressão estagnada quando realizado o tratamento correto!
Entendendo o que é lúpus eritematoso sistêmico
O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença autoimune, ou seja, causada pelo próprio organismo, com sintomas que podem surgir em diversos órgãos do corpo de forma lenta e progressiva, ou rapidamente, variando a fase de atividade e remissão.
Por ser uma enfermidade do sistema imunológico, área responsável pela produção de anticorpos e organização de mecanismos e inflamação dos órgãos, o indivíduo com lúpus eritematoso pode apresentar sinais e sintomas em variados locais no corpo. A doença é dividida em diferentes tipos, como lúpus discoide, sistêmico, induzido por drogas e neonatal.
Lúpus discoide
O lúpus discoide é caracterizado pela inflamação sempre limitada à pele. Esse tipo é identificado por meio do surgimento de lesões cutâneas e avermelhadas no rosto, nuca e couro cabeludo.
Lúpus sistêmico
O lúpus sistêmico é a forma mais comum da doença. A inflamação acontece no organismo, comprometendo diversos órgãos ou sistemas de forma leve, ou grave. Algumas pessoas com o tipo discoide da doença podem evoluir para a forma sistêmica. Seus sintomas estão relacionados ao local da inflamação, como rins, articulações, pulmões e coração.
Lúpus induzido por drogas
O tipo de lúpus induzido por drogas é causado por substâncias ou medicamentos que provocam inflamações temporárias durante o uso, com sintomas que podem ser parecidos com os apresentados no lúpus sistêmico. Contudo, neste caso, as manifestações costumam desaparecer com a interrupção do uso do medicamento.
Lúpus neonatal
O lúpus do tipo neonatal é uma condição rara que pode afetar filhos de mulheres com lúpus eritematoso. A causa da doença são os anticorpos da mãe que atuam sobre a criança ainda no útero. Ao nascer, pode ocorrer erupção cutânea, problemas no fígado e baixa contagem de células sanguíneas.
Algumas das crianças com lúpus neonatal também podem apresentar defeito cardíaco grave. No entanto, com testes adequados, é possível identificar as mães em risco e proporcionar tratamento antes e após o nascimento.
O que causa lúpus eritematoso?
Ainda que a causa do lúpus eritematoso não seja plenamente conhecida, os fatores genéticos, hormonais e ambientais participam de seu desenvolvimento. Dessa forma, pessoas que nascem com susceptibilidade genética para o desenvolvimento da doença passam a apresentar interações imunológicas após interação com fatores ambientais, como irradiação solar e infecções virais.
O desequilíbrio na produção de anticorpos reagentes a proteínas do próprio organismo causa inflamações em diferentes órgãos, como pele, mucosa, pulmões, articulações, e mais. Assim, é possível entender os sintomas desenvolvidos em cada pessoa, visto que acontecem de acordo com o tipo de autoanticorpo e como o desenvolvimento de cada um se relaciona às características genéticas.
Quais são os principais sintomas?
Os principais sintomas do lúpus eritematoso são diversos e variam tipicamente em intensidade de acordo com a fase de atividade ou remissão da doença. É comum que as pessoas apresentem manifestações gerais como cansaço, desânimo, febre baixa, perda de apetite e emagrecimento. As manifestações podem acontecer devido à inflamação da pele, articulações, rins, nervos, cérebro, pleura (membranas que recobrem o pulmão), e coração.
Outros sintomas podem ocorrer devido à diminuição de células do sangue pela presença de anticorpos contra essas células. Os sintomas podem surgir isoladamente ou em conjunto, acontecendo ao mesmo tempo, ou de forma sequencial. Em crianças, adolescentes e mesmo adultos, pode estar presente o inchaço dos gânglios (ínguas), geralmente acompanhados por febre.
Qual exame pode detectar lúpus eritematoso?
Sabendo que os sintomas dos lúpus eritematoso sistêmico variam de pessoa para pessoa, seu diagnóstico pode ser um desafio, principalmente quando a doença se sobrepõe a manifestações de outras enfermidades.
Para seu diagnóstico não existe um único teste específico. O imunologista ou reumatologista realiza a combinação de testes de sangue e urina com os sinais e sintomas encontrados durante o exame físico e exames de imagem quando existem lesões. Os exames laboratoriais utilizados, são:
- pesquisa de anticorpos (FAN, anti-Sm, anti-SSA, anti-SSB e anti-DNA de dupla hélice);
- urinálise;
- fator reumatoide;
- eletroforese de proteínas;
- velocidade de hemossedimentação;
- proteína C reativa;
- VDRL;
- crioglobulinas;
- C3;
- exames de coagulação.
Como é o tratamento do lúpus eritematoso sistêmico?
O tratamento do lúpus eritematoso deve ser conduzido de acordo com os órgãos afetados, assim como níveis de atividade de inflamação. A gravidade de lesões em órgãos nem sempre é a mesma que a atividade inflamatória. Ou seja, os órgãos podem ser lesionados permanentemente, com cicatrizes em decorrência de uma inflamação que estava associada ao lúpus eritematoso no passado.
As lesões podem ser classificadas como leves e graves, mesmo que o lúpus não esteja ativo (causando inflamação ou novas lesões). O objetivo do tratamento é reduzir a atividade da doença, diminuindo a inflamação e evitando novas lesões.
Infusão medicinal para tratamento do lúpus eritematoso
O tratamento com imunobiológicos é um dos grandes avanços na medicina, permitindo que doenças autoimunes, como o lúpus eritematoso sistêmico, sejam tratadas de forma moderna e eficaz.
A infusão medicinal da terapia imunobiológica reproduz os efeitos de substâncias que são fabricadas no sistema imunológico, agindo diretamente no processo inflamatório do organismo.
Por serem produzidos por células vivas, permitem que o tratamento tenha resultados significativos em relação àqueles alcançados com o uso de medicações tradicionais. Com a infusão medicinal de imunobiológicos como tratamento é possível modificar, ou mesmo inibir, a evolução do lúpus, resultando em maior qualidade de vida aos pacientes.
A cada ano, o número de doenças que podem ser tratadas por meio da infusão medicinal cresce significativamente. Isso acontece pelos avanços tecnológicos da medicina que proporcionam uma grande variedade de soluções que podem ser administradas de forma intravenosa para o tratamento de diversas condições, promovendo um tratamento mais humanitário ao paciente.
Pessoas que apresentam infecções crônicas, graves ou ainda que não responderam a antibióticos orais, podem apresentar grandes resultados positivos. Além disso, a técnica reduz o desconforto e a dor do paciente quando comparada a outras soluções.
A infusão medicinal leva praticidade, permitindo que pacientes recebam a terapia de forma segura e rápida, otimizando o tempo e minimizando danos associados à hospitalização. Isso faz da infusão medicinal uma forma de tratamento cada vez mais importante e central para o combate de doenças como o lúpus eritematoso.
Entre os medicamentos comumente administrados por meio da infusão medicinal no lúpus eritematoso sistêmico está a Belimumabe (Benlysta®). De forma natural, ao prescrever estes tratamentos o médico responsável também deve considerar as interações medicamentosas, condição que ocorre quando dois ou mais remédios são utilizados concomitantemente.
Nessa situação, um medicamento pode causar alteração na intensidade do efeito de outro, criando uma combinação que pode ser nociva ao tratamento, gerando efeitos adversos. Esse é um dos perigos da automedicação. Somente deve-se administrar medicamentos prescritos pelo médico após a avaliação do perfil, restrições, necessidades e tratamento mais adequado a cada pessoa.
No momento de aplicação da infusão medicinal, é fundamental contar com uma equipe médica qualificada, que siga a prescrição de acordo com o indicado, verificando os equipamentos antes do uso, acesso venoso e que entenda sobre a terapia a ser realizada. Com cuidados como estes, o tratamento terá bons resultados, oferecendo mais conforto e segurança ao paciente com lúpus.
Principais dúvidas sobre o lúpus eritematoso sistêmico
Mesmo que o Lúpus seja uma doença conhecida por nome, muitos ainda nutrem inúmeras questões relacionadas à doença. Por isso, separamos as principais dúvidas a respeito do lúpus eritematoso sistêmico. Acompanhe.
O que uma pessoa com lúpus eritematoso não pode fazer?
Aqueles diagnosticados com lúpus devem evitar a exposição ao sol, utilizando sempre protetor solar ou barreiras físicas, como roupas que evitem o contato da pele com a luz solar. Isso porque, o sol pode desencadear reações imunológicas da doença no organismo. Dessa forma, é fundamental evitar a exposição a qualquer custo.
Quem tem lúpus pode engravidar?
Para pessoas com lúpus eritematoso, é indicado engravidar somente quando a doença estiver controlada por, pelo menos, seis meses. Por isso, antes de pensar em uma gestação, a mulher deve conversar com seu reumatologista, visto que alguns medicamentos utilizados no tratamento do lúpus devem ser suspensos antes da gravidez, com exceção da hidroxicloroquina.
As mulheres diagnosticadas com a doença poderão ter filhos sem que existam problemas. No entanto, existe a pequena chance de abortos espontâneos, ou mesmo do nascimento prematuro e baixo peso do bebê. Podem também estar presentes riscos aumentados para o desenvolvimento de pré-eclâmpsia em gestantes que, além do lúpus eritematoso, tenham hipertensão arterial.
Quem tem lúpus pode trabalhar? E se aposentar?
As pessoas com lúpus eritematoso sistêmico podem sim, trabalhar, realizar suas atividades rotineiras e conduzir a vida sem maiores problemas, desde que a doença esteja controlada, realizando tratamento adequado.
Quando a doença se manifesta de forma grave, impedindo que o indivíduo realize suas atividades diárias, assim como a execução de sua profissão, o paciente com lúpus pode se aposentar em virtude da doença.
No entanto, isso só é possível em casos onde o portador da doença apresenta sequelas graves e incapacidade comprovada. O que determina a possibilidade do direito à aposentadoria não é o lúpus em si, mas sim a gravidade das manifestações e consequências que ela causa à pessoa.
Por isso, um paciente que tenha sintomas leves não poderá se aposentar em razão do lúpus eritematoso. Este direito é reservado somente para pessoas com sequelas que a tornam incapacitada de exercer uma profissão.
Quem tem lúpus pode fazer tatuagem?
Essa é uma questão muito discutida a respeito da doença. É preciso entender que, toda e qualquer substância que seja estranha para o corpo, chamada de antígeno, quando entra no organismo é imediatamente identificada pelo sistema imunológico.
As células chamadas de macrófago são responsáveis por atacar essa substância invasora, processando suas proteínas e apresentando-as para outras células do sistema imune que deverão montar uma resposta apropriada para a substância.
No organismo de uma pessoa com lúpus eritematoso ocorrem alterações de origem genética e também por fatores ambientais que desregulam naturalmente essa resposta imunológica.
Quando procedimentos que provocam lesões nos tecidos são realizados, como a tatuagem, ocorre o rompimento de células e exposição dos antígenos próprios. Ou seja, do próprio organismo.
Em pacientes com lúpus, esses antígenos podem ser interpretados de forma errada, como substâncias estranhas, desencadeando uma resposta imune. O problema é o tamanho dessa resposta e também o estrago que pode ser feito, visto que pode variar de acordo com múltiplos fatores individuais.
Quando o local lesionado ainda tiver a presença de uma substância estranha ao organismo, como a tinta, as consequências podem ser ainda piores. Ainda na literatura existem diversos relatos de casos em que o surgimento de lesões na pele, como no lúpus discoide, aconteceu após diferentes formas de agressão no tecido são do paciente, com picadas de insetos, queimaduras, herpes zoster e tatuagens.
Chamado de Fenômeno de Koebner na dermatologia, ele pode acontecer também em pessoas portadoras de doenças como psoríase, vitiligo, esclerodermia e sarcoidose. De acordo com a magnitude da lesão tecidual, a resposta imune inflamatória do organismo pode ser capaz de ativar o lúpus eritematoso sistêmico em outros órgãos.
Quem tem lúpus pode tomar café?
Sim. Parte do tratamento para lúpus consiste em uma alimentação adequada aos pacientes portadores, com o objetivo de prevenir fatores de risco e diminuir sintomas da doença, baseando-se na inclusão e diminuição de alguns nutrientes em determinados alimentos.
Os alimentos ricos em polifenóis, como vegetais, frutas, cereais, legumes e bebidas como chá, café e vinho, atuam como agentes anti-inflamatórios e imunomoduladores em diversas doenças. Além disso, protegem o organismo contra danos oxidativos presentes no lúpus eritematoso.
Quem tem lúpus pode comer carne de porco?
Considerando o lúpus como uma doença inflamatória crônica, o risco de danos em artérias e coração é 10 vezes maior quando comparado à população em geral. Por isso, uma forma de reduzir o risco é evitar o consumo de carnes gordurosas, como a carne de porco, e também carne bovina.
Quem tem lúpus pode tomar a vacina da gripe?
Sim. Para pacientes com lúpus, algumas vacinas são indispensáveis, aumentando a defesa do organismo. A mais importantes são contra a pneumonia pneumocócica e contra o vírus da gripe.
Além disso, o paciente deve seguir o Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, adquirindo outras vacinas. Entretanto, é importante estar atento para o uso de imunossupressores, assim como corticoides. Durante o tratamento com estes medicamentos, são contraindicadas as vacinas de vírus vivos atenuados, como da varicela, rotavírus e febre-amarela.
Quem tem lúpus pode beber álcool?
Assim como o hábito de fumar, o consumo de álcool aumenta os riscos para outras doenças, como as cardiovasculares. Por esse motivo, associado ao fato de piorar os sintomas do lúpus, vícios como o consumo de álcool e tabagismo devem ser banidos.
Quem tem lúpus pode tomar anticoncepcional?
Sim, no entanto, os anticoncepcionais que podem ser utilizados em mulheres com lúpus eritematoso são aqueles derivados da progesterona. Os anticoncepcionais de base, derivados do estrógeno, são contra-indicados pelo risco de desencadear crises da doença.
Antes de realizar o uso de qualquer anticoncepcional, é preciso conversar com o reumatologista e também ginecologista, recebendo a indicação da melhor opção do medicamento para cada caso.
Quem tem lúpus pode fazer criolipólise?
Ainda que a doença esteja em remissão, a criolipólise é um procedimento totalmente contra-indicado para pessoas com lúpus. O congelamento da gordura do corpo causa um processo inflamatório inicial no local (chamado de paniculite). Para pacientes com lúpus, o procedimento pode causar alterações nessa inflamação e cicatrização, apresentando complicações no quadro da doença.
Na leitura de hoje você pôde conhecer melhor o lúpus eritematoso sistêmico, doença que afeta mais de 65 mil brasileiros. Caso você faça parte do grupo de pessoas portadoras dessa enfermidade, busque saber um pouco mais sobre os benefícios do tratamento com infusões medicinais e garanta maior qualidade de vida.
Para saber mais sobre essa forma de tratamento agende sua consulta com a Clínica Croce. Por meio do atendimento via telemedicina é possível ser atendido de qualquer lugar do Brasil, sem a necessidade de estar em São Paulo, cidade sede da clínica.