A esofagite eosinofílica é uma doença alérgica muito confundida com o refluxo gastroesofágico. Por seus sintomas semelhantes, o diagnóstico desta doença só costuma ser realizado quando a pessoa não responde ao tratamento padrão para o refluxo.
Atualmente, a esofagite eosinofílica atinge 12,8 em cada 100 mil habitantes, sendo mais comum em homens. Ainda que possa acometer adultos entre 30 e 40 anos, a esofagite eosinofílica também afeta crianças.
Para conhecer mais sobre esta doença que pode impactar seriamente a vida do indivíduo, continue a leitura conosco e confira os principais sintomas, formas de diagnóstico e tratamentos para a esofagite eosinofílica!
O que é esofagite eosinofílica
A esofagite eosinofílica é uma doença caracterizada pela presença de grande número de eosinófilos, tipo especial de células que desempenham um importante papel na resposta do organismo a reações alérgicas, participando da proteção contra parasitas e contribuindo para a inflamação diante de fatores alérgicos.
Na esofagite eosinofílica, os eosinófilos podem causar inflamação no esôfago. Inflamações essas que podem causar o endurecimento ou estreitamento do órgão que, por sua vez, pode conduzir a deglutição com dificuldade, ou mesmo causar a impactação do alimento no esôfago.
Da mesma forma, o refluxo esofágico pode aumentar a presença de eosinófilos, contudo, em menor número. Dessa maneira, às duas doenças podem coexistir. Na presença da esofagite eosinofílica, há a melhora após o tratamento do refluxo com inibidores da bomba de prótons (medicamentos como omeprazol e pantoprazol).
Ainda que os eosinófilos possam ser encontrados no trato gastrointestinal de uma pessoa saudável, quando presente no esôfago, comumente sugere uma condição anormal. Isso porque, enquanto outras doenças podem ocasionar a presença das células no esôfago, como o refluxo, doenças parasitárias e inflamações intestinais, a esofagite eosinofílica provoca um número elevado de eosinófilos neste órgão.
Esofagite eosinofílica: causas
A causa da esofagite eosinofílica em adultos atualmente não está identificada. Alguns estudos sugerem reações alérgicas como resposta a alérgenos (substância que causa reação alérgica) alimentares ou ambientais.
A doença também pode ser causada pela genética em certos pacientes. Em alguns adultos, o histórico familiar de desordens alérgicas e de esofagite eosinofílica também dão suporte a evidências da causa genética.
Um histórico de condições alérgicas como asma, rinite, eczema ou alergia alimentar é visto, seja pela história ou por teste alérgico positivo, em até 70% de adultos com esofagite eosinofílica.
Ainda que os adultos tratados com dieta de eliminação tenham os sintomas melhorados, a recidiva ocorre quando alguns alimentos são incorporados à dieta. Isso sugere que os alérgenos alimentares tenham papel em alguns adultos com esofagite eosinofílica.
Quem faz parte do grupo de risco?
A incidência da esofagite eosinofílica é de 12,8 casos a cada 100 mil habitantes, com prevalência de pessoas do sexo masculino. Os adultos mais acometidos estão entre 30 e 40 anos, ainda que possa estar presente em qualquer faixa etária. A tendência hereditária entre esses pacientes é elevada, e chega a até 81%.
Previamente, pensou-se que a esofagite eosinofílica era uma doença rara, contudo, foi reconhecida como uma das causas mais comuns na dificuldade de deglutição e impactação do alimento entre jovens adultos. Isso se tornou uma tendência com aumento no número de casos relatados da doença no mundo.
O motivo para isso é a combinação dos aumentos das ocorrências de esofagite eosinofílica e conhecimento crescente de condições entre médicos gastroenterologistas, alergistas e patologistas. Especialistas observam o aumento da doença de forma semelhante aos aumentos vistos em diferentes desordens alérgicas, como asma e rinite.
Fatores que aumentam as chances de desenvolver a doença
Alguns dos fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da doença podem ser divididos em diferentes grupos. Além do sexo, com a prevalência em homens, fatores como clima, estação do ano, história familiar, alergias e idade aumentam as chances para a doença.
Clima
Para indivíduos que costumam viver em ambientes com clima frio ou seco, a propensão para o diagnóstico da esofagite eosinofílica é maior em relação a pessoas que vivem em outros tipos de clima.
Estação
O diagnóstico muitas vezes é realizado entre a primavera e outono, visto que, os níveis de pólen e outros alérgenos são ainda mais elevados, e que as pessoas estão mais propensas a estar ao ar livre.
Histórico familiar
Acredita-se que a doença tenha componentes genéticos envolvidos. Assim, pessoas com membros da família portadores da esofagite eosinofílica podem apresentar maiores chances para também desenvolver a doença.
Alergias
Para pessoas com alergias alimentares, ambientais, asma, dermatite atópica ou doenças respiratórias crônicas, as chances de um diagnóstico de esofagite eosinofílica são ainda maiores.
Idade
Acreditava-se antigamente que a esofagite eosinofílica era uma doença da infância, afetando mais crianças. No entanto, atualmente a doença também é comumente vista em adultos.
Esofagite eosinofílica: sintomas
Os sintomas da esofagite eosinofílica podem variar entre a faixa etária. Em lactentes, ou seja, crianças que ainda estão na fase da amamentação, os sintomas da doença podem envolver a recusa alimentar, irritabilidade, vômito e déficit em peso e estatura.
Já em crianças, os sintomas estão presentes na forma de dores abdominais, vômito, sintomas de refluxo, aversão a alimentação e também déficit no peso e altura. Em adolescentes e adultos, os sintomas são:
- Disfagia (dificuldade para engolir);
- Impacto alimentar no esôfago;
- Refluxo;
- Dieta limitada.
Muitas das pessoas com esofagite eosinofílica também apresentam sintomas de outras doenças alérgicas associadas causadas por alimentos e outros alérgenos, afetando de 28% a 86% adultos e de 42% a 93% crianças.
Quais as complicações desta doença?
Como vimos, as informações relacionadas às causas da esofagite eosinofílica ainda são limitadas, sugerindo fatores ambientais e genéticos. Embora os níveis de eosinófilos possam se alterar ao longo do tempo, as pessoas desenvolvem sintomas persistentes.
Complicações como a estenose esofágica (estreitamento do esôfago) e impactação alimentar podem ocorrer. Além disso, em casos raros, o vômito forçado, as impactações prolongadas e a dilatação do esôfago podem causar laceração ou perfuração do esôfago, situação que exige atendimento médico de emergência.
A esofagite eosinofílica também pode provocar complicações como cicatrização e estreitamento do esôfago, dificultando a ingestão por ter alimento preso no órgão. Da mesma forma, pode haver danos ao esôfago causados pela passagem de alimentos, impactação e vômito no esôfago já inflamado.
Atualmente, a esofagite eosinofílica têm seu tratamento direcionado para o controle dos sintomas, reduzindo os níveis de eosinófilos nos tecidos para prevenir complicações da doença.
Esofagite eosinofílica: tratamento
O tratamento de pessoas com esofagite eosinofílica pode ser feito com terapias medicamentosas ou medidas dietéticas. Para situações extremas, como em casos de impactação alimentar ou estenose esofágica grave, também é indicado tratamento endoscópico.
O tratamento farmacológico compreende no uso de corticoides inalatórios deglutidos em que o paciente deve permanecer sem ingerir alimentos ou líquidos por 30 minutos após o uso. O uso de medicamentos inibidores da bomba de prótons também é realizado, assim como bloqueadores de receptores de leucotrienos (usados no tratamento da asma).
Caso o indivíduo não responda ao tratamento medicamento, a dilatação, ou alargamento do esôfago, pode ser realizado algumas vezes. A dilatação esofágica é usada em pessoas que apresentam muitos sintomas, com a presença de estreitamento do esôfago, estenoses fixas, impactação alimentar e quando o indivíduo não apresenta melhora com a dieta e o uso de corticoide por deglutição.
Ainda que a dilatação possa resolver o problema somente a curto prazo, o procedimento pode ser feito por repetidas vezes para o controle dos sintomas. Uma vez que a dilatação sozinha não afete a inflamação no esôfago, o procedimento pode ser realizado em pacientes que também estejam fazendo terapia dietética ou medicamentosa.
Os riscos para a dilatação são dores torácicas após a realização e, em casos mais raros, a perfuração ou laceração do esôfago. Ainda que seja um procedimento realizado com segurança, deve ser feito com cuidado e quase sempre após a falha de tentativas de tratamento com medicamentos e dietas.
A dieta para a esofagite eosinofílica deve ser realizada com a eliminação do alérgeno envolvido, quando for conhecido, ou com a utilização de uma fórmula de aminoácidos que pode ser eficaz ao induzir a remissão clínica e histológica da doença. Confira os tipos de dieta utilizados para tratar a doença:
Tratamento por meio de dietas
A alimentação do indivíduo que sofre com a doença pode ser muito restritiva. Por isso, é recomendado que o portador faça acompanhamento com um nutricionista experiente para que não falte vitaminas e nutrientes importantes no organismo.
Em muitos casos, o médico, junto a um nutricionista, pode testar diferentes alimentos para o paciente, avaliando os que pioram os sintomas ou causam inflamações no esôfago, até que se possa descobrir os alimentos que devem ser evitados e também os que poderão ser consumidos.
Dieta de eliminação baseada em testes alérgicos
A dieta de eliminação é baseada na eliminação dos alimentos que testaram positivo para a alergia no organismo após a realização de testes alérgicos. Este tratamento se mostra muito útil para pessoas com esofagite eosinofílica, podendo ser realizado naqueles que estão motivados e com supervisão de um nutricionista experiente. A dieta de eliminação baseada em testes alérgicos pode levar à remissão da doença em até um terço dos pacientes.
Dieta empírica de eliminação de 6 alimentos
A dieta empírica de eliminação de alguns alimentos é um tratamento que consiste em uma dieta elementar de eliminação de até 6 alimentos por 6 semanas. Após este período, caso a pessoa apresente melhora no quadro, os alimentos devem ser reintroduzidos, um de cada vez, auxiliando na identificação do agente desencadeador dos sintomas da esofagite eosinofílica.
A dieta de eliminação de 6 alimentos foi proposta pela dificuldade que os portadores de esofagite eosinofílica apresentam de realizar a dieta de eliminação sem a identificação do alérgeno e também em casos de baixa sensibilidade para testes alérgicos. Com a introdução progressiva de uma alimento de cada vez, o tratamento apresenta eficácia em muitos pacientes.
De forma geral, identifica-se 1 ou 2 alimentos, sendo os mais comuns o trigo, leite de vaca, ovo e soja. Mais importante, a dieta de restrição de 6 alimentos comprovou não estar associada a nenhum déficit nutricional ou atraso no crescimento.
Dieta elementar
A dieta elementar é realizada com uma fórmula baseada em aminoácidos. Por seu alto custo e sabor não tão agradável, a dieta elementar não é a mais utilizada, sendo a preferida por grande parte dos pacientes com esofagite eosinofílica a dieta de eliminação de 6 alimentos, eliminando os alimentos com alérgenos alimentares, comumente encontrado em pessoas com a doença.
Entretanto, a dieta elementar deve ser considerada para casos de falha em tratamentos medicamentosos e da dieta de eliminação de 6 alimentos. Ainda que apresente desvantagens, como sabor desagradável, impacto na qualidade de vida e alto custo, a dieta à base de aminoácidos promove remissão em até 90% dos casos.
A principal indicação é para crianças com esofagite eosinofílica que apresentam sintomas persistentes e ainda não tenham iniciado dieta sólida pela maior aceitação e menor impacto na qualidade de vida.
Principais dúvidas sobre a esofagite eosinofílica
Por seu diagnóstico muitas vezes difícil e facilmente confundido com o refluxo, a esofagite eosinofílica é uma doença ainda pouco conhecida, gerando diversas dúvidas em boa parte da população. A seguir, você vai conhecer as principais questões relacionadas à esofagite eosinofílica.
Esofagite eosinofílica tem cura?
Atualmente a esofagite eosinofílica é a segunda causa mais comum de esofagite crônica, por meio do refluxo, e a principal causa na dificuldade de deglutição e impactação alimentar em adultos e crianças.
Assim como outras doenças alérgicas, a esofagite eosinofílica é um problema crônico, que não apresenta cura. Contudo, as opções de tratamento têm como objetivo controlar os sintomas e melhorar as alterações causadas na mucosa do esôfago.
Ainda que não possa se considerar a cura, a pessoa com esofagite eosinofílica pode ter melhora considerável. Dessa forma, é possível tentar a suspensão do tratamento medicamentoso em alguns casos e seguir com o acompanhamento dietético, gerando melhor qualidade de vida ao portador.
Como é feito o diagnóstico da esofagite eosinofílica?
A esofagite eosinofílica é diagnosticada por meio da coleta de história clínica do paciente e exames complementares, como a endoscopia com biópsia, que permitem ao médico identificar a presença de eosinófilos em grande número na mucosa do esôfago.
A biópsia é realizada de forma que cubra os dois terços do esôfago, independente da presença ou não de alterações como estrias, friabilidade, edemas, placas ou exsudatos, estreitamento e ausência de vascularização.
A presença de achados como esses em pacientes com disfagia e impactação alimentar pode levar à suspeita de esofagite eosinofílica mesmo que em 30% dos casos possa não existir alteração macroscópica.
Além do refluxo gastroesofágico e alergia alimentar, no diagnóstico diferencial são consideradas a doença de Crohn, síndrome hipereosinofílica, gastroenterite eosinofílica, estenose esofágica, doenças do tecido conjuntivo e infecções virais.
Qual a relação entre a esofagite eosinofílica e as alergias alimentares?
A esofagite eosinofílica é uma forma de alergia alimentar distinta, restrita ao esôfago. Ou seja, que não se estende para todo o segmento gastrointestinal. Dessa maneira, a doença é considerada como uma forma particular de alergia alimentar na qual o infiltrado inflamatório do esôfago diminui após restrição alimentar por meio de dieta.
Pessoas com esofagite eosinofílica podem tomar leite?
Visto que o tratamento da esofagite eosinofílica é realizado também por meio de restrição dietética, alguns alimentos podem estar envolvidos como alérgenos, provocando a forma inflamatória no esôfago.
Para algumas pessoas, o leite pode ser um deles, assim como outros alimentos comuns que aparecem como alérgenos em pessoas com a esofagite eosinofílica que são testadas por meio de hipersensibilidade. Entre eles, além do leite, estão a soja, ovo, amendoim e frutos-do-mar.
Por este motivo, estes são alimentos muitas vezes retirados na dieta de eliminação por testes alérgicos ou dieta de eliminação de 6 alimentos, possibilitando a rápida identificação dos agentes nocivos.
Na leitura de hoje, você pôde conhecer melhor a esofagite eosinofílica, doença que pode afetar diretamente a saúde e qualidade de vida do indivíduo. Por isso, caso tenha identificado alguns dos sintomas citados acima, procure um profissional qualificado para investigar a presença da esofagite eosinofílica ou outras alergias alimentares.
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