Com a rápida propagação mundial do Novo Coronavírus (SARS-CoV2), vírus causador da síndrome respiratória Covid-19, medidas de isolamento social que popularmente são chamadas de quarentena foram adotadas como forma de conter a pandemia que, segundo o OMS (Organização Mundial de Saúde), quase 100 dias após seu anúncio, já causou mais de 74 mil mortes.
No entanto, o isolamento social não é uma situação fácil para algumas pessoas. Motivados por falta de informação e notícias duvidosas recebidas por meios que não apresentam credibilidade, uma parcela da população ainda vai às ruas e se mistura àqueles que fazem parte dos colaboradores em serviços essenciais, desestabilizando a contenção e aumentando os riscos para si e para o outro. Para que você possa entender a verdadeira importância do isolamento social durante uma pandemia, desenvolvemos o artigo a seguir. Continue a leitura para se informar!
O início da pandemia
O primeiro caso relacionado à pandemia pelo Novo Coronavírus foi identificado e registrado na cidade de Wuhan, na China, no dia 31 de dezembro de 2019. Desde então, eventos começaram a se espalhar de forma acelerada por todo o mundo, iniciando pelos continentes asiático e europeu.
A transmissão da Covid-19 chamou a atenção pelo rápido aumento de novos casos e mortes no Irã e na Itália, no mês de fevereiro, obrigando o Ministério da Saúde a alterar a definição de caso suspeito, incluindo nele, pessoas que estiveram em outros países. No mesmo mês, o primeiro caso de pessoa infectada com o Novo Coronavírus foi identificado no país, em São Paulo.
A pandemia no Brasil
Diante da disseminação do vírus, com a elevação dos casos em diversos países, em março a OMS definiu o surto da Covid-19 como pandemia. Dias depois, a primeira morte no brasil foi confirmada.
No início do mês de março, seguindo orientações da OMS, o Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta declarou que o sistema de saúde do país, público e privado, logo entraria em colapso caso o número de infectados não parasse de subir, resultando em um número elevado de mortes que poderiam ser evitadas.
Por esse motivo, autoridades da saúde na intenção de diminuir a necessidade de hospitalização simultânea causada por pacientes com Covid-19, orientaram a população a adotar o isolamento social. Limitando a circulação de pessoas nas ruas, espera-se que ocorra a diminuição do número de novos casos, evitando que a quantidade de pessoas doentes que precisam de atendimento médico seja maior que a capacidade dos sistemas de saúde.
O que é isolamento social?
Ato de separar os indivíduos ou grupos de convívio com o restante da sociedade, o isolamento social pode ser feito de forma voluntária ou não. Em casos de força maior, seja por imposição do governo, guerra ou pandemia, como a atual, o isolamento social é forçado. Chamamos de isolamento voluntário quando o próprio indivíduo se isola por questões pessoais, religiosas, ou de saúde mental.
Causas do isolamento forçado
Quando ocorrem situações emergenciais de epidemias ou pandemias, a imposição do isolamento social pelo governo opera por meio do fechamento de comércios, escolas, transporte público e orientação para que os moradores fiquem em suas casas como forma de proteção.
Já em guerras, a imposição do toque de recolher para que a população se feche em suas casas é para que não sofram consequências diretas. No entanto, para o caso, esse tipo de confinamento nem sempre é efetivo, visto que, em situações de guerra, bombardeios podem atingir os moradores.
O isolamento social forçado, assim como o voluntário, pode resultar em situações negativas. Ao ser forçado a ficar em casa, o indivíduo pode desenvolver quadros de ansiedade e depressão e, se não forem cuidados, podem ser catastróficos. Além disso, o isolamento pode acarretar a economia, já que a população para de circular nas ruas, diminui seu consumo, e os prestadores de serviço, assim como o comércio, se fecham. Contudo, nenhuma dessas consequências é comparada ao desastre que uma pandemia como essa pode causar na população caso não haja isolamento social, acarretando no prejuízo em todos os outros setores.
Isolamento social diante da pandemia
Para aqueles que não são especialistas, as dúvidas em relação ao isolamento social são muitas. Porque escolas fechadas já que a população de risco são os idosos e imunodeprimidos? Não devemos sair de casa ou apenas evitar aglomerações? O comércio não pode ser aberto se usarmos álcool em gel?
No entanto, a eficácia do isolamento social traz resposta para todas as perguntas e o Brasil tem como vantagem poder observar, aprender e desenvolver medidas baseando-se em países que foram afetados anteriormente.
Desacelerar a contaminação
Podemos entender melhor a importância do isolamento da seguinte maneira: R0, o número básico de transmissão, simboliza a quantidade de pessoas que um único indivíduo infectado por uma doença irá contaminar.
O R0 da Covid-19 é estimado em 2,5 e 3. Ou seja, para cada pessoa infectada, outras 2,5 a 3 serão infectadas por esse indivíduo. Esse número leva uma progressão rápida da doença, sendo em média de 60 mil novos casos em 2 meses.
Tratando-se de um novo vírus, toda a população mundial praticamente é suscetível à infecção, mesmo que alguns não apresentem sintomas. Por ainda não existir uma vacina, assim como medicamento curativo para a Covid-19, a única alternativa para reduzir o R0 é o isolamento social, pois, são menos pessoas infectadas em contato com um número menor de pessoas, reduzindo a propagação da infecção.
Dessa forma, ocorre a importante diminuição na velocidade da propagação da doença, diminuindo também o número de pacientes graves simultaneamente, fator que possibilita que o sistema de saúde possa lidar com a entrada de novos casos.
Com isolamento social o R0 pode ser reduzido para 1 infectado, evitando a sobrecarga de hospitais que podem causar prejuízos aos pacientes por falta de vagas, equipamentos e equipe especializada.
A mortalidade da Covid-19 atualmente é de 1%, no entanto, esse número pode se tornar menor. Em países como a Itália, em que os esforços para isolamento social foram tardios e pouco eficientes, causando o perecimento do sistema de saúde, a mortalidade está entre 8 e 12%.
Adotar ou não o isolamento social
De forma geral, pandemias infectam as pessoas mais suscetíveis, e, ao atingirem 80% desta população de risco que inclui pessoas com sistema imunológico deprimido, desaparecem e não voltam por um período. Dessa maneira, com 1 bilhão de pessoas na China, o número de infectados significaria 800 milhões de pessoas. Caso a mortalidade fosse de 1%, seriam 8 milhões de mortes.
Como forma de evitar tal catástrofe, o governo da China isolou uma cidade do tamanho de São Paulo, a fim de diminuir a contaminação, manobra que tornou a pandemia 100 vezes menor do que o imaginado, visto que, entre 31 de dezembro até o final de março, foram quase 75 mil contaminados e 3.245 mortes na China.
Já nos Estados Unidos, país que não adotou medidas tão rápidas e severas de restrição como a China, mantendo comércios e escolas abertas, registrou-se quase 2 mil mortes em 24 horas somente na cidade de Nova York.
Isolamento social e a prevenção de mortes
De acordo com um estudo feito com 30 cientistas do Imperial College de Londres, adotar estratégias radicais para o isolamento social pode salvar 1 milhão de vidas no Brasil. O país conta hoje com 46 mil leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com respiradores. Caso o isolamento não seja seguido, mais de 1,5 milhão de pessoas precisará de um leito de UTI.
A projeção foi feita baseando-se no total da população e quantidade de leitos hospitalares disponíveis, imaginando cenários com e sem medidas de isolamento.
Calculando o número de pacientes graves, infectados e mortos, os especialistas em doenças transmissíveis constataram que sem o isolamento, podem morrer 1,15 milhão de brasileiros de Covid-19, enquanto em um cenário com restrições mais drásticas e precoces, seriam 44 mil.
Adotando isolamento social brando, em que comércios e serviços podem continuar abertos, o número de infectados seria de 122 milhões no Brasil, com 627 mil mortes. Em um cenário de isolamento generalizado, reforçando medidas para grupos de risco, o número de infetados seria de 120 milhões, com 529 mil mortes.
Quarentenas no Brasil
Em todo o país, governos estaduais e municipais determinaram medidas para o isolamento social fechando comércios, escolas, e todos outros serviços que não os considerados essenciais, como hospitais, farmácias, supermercados, redes de abastecimento, entre outros. No dia 6 de abril, 23 estados ainda mantinham suas restrições de isolamento ou haviam prorrogado, entre eles estão São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Bahia, Goiás e Amazonas.
No estado de São Paulo, o isolamento social foi renovado no dia 7 de abril. A previsão são mais duas semanas de restrições ao comércio e outros serviços não essenciais. No Rio de Janeiro, o decreto renovado foi para 17 de abril. Em Santa Catarina, estado em que o decreto era válido até o dia 7 de abril, autoridades da saúde prorrogaram as restrições até dia 12, estudando flexibilizá-las após o período. Goiás continuará em isolamento por decreto até o dia 19, enquanto o estado do Amazonas deverá cumprir pelo menos até 15 de abril.
A importância do isolamento social
Refletindo as informações acima, podemos afirmar que o isolamento social é fundamental para diminuir a propagação da contaminação. Dessa forma, serão priorizados atendimentos médicos de pessoas que realmente não possam ficar em quarentena, como colaboradores de serviços essenciais, visando a preservação desta base de atividades sociais. O isolamento é necessário para que a normalidade possa se restabelecer ainda o mais rápido possível, de forma segura.
Como vimos, mesmo que a taxa de mortalidade seja baixa, o risco de contaminação ainda é muito alto. Além disso, tendo a maior parte dos infectados sintomas leves, parecidos com uma gripe comum, o risco da propagação ocorrer caso comércios e escolas voltem a funcionar, ameaça colocar em risco o sistema de saúde e seus usuários. Não praticar o isolamento social temporário pode resultar em uma catástrofe social, afetando também outras esferas, incluindo a economia, setor tão utilizado para justificar a urgência do fim da quarentena.
Sabemos que uma vacina para o Novo Coronavírus está sendo pesquisada e desenvolvida em alguns países. Para entender melhor esse processo, saiba como é feita a vacina!