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O que é imunologia? Entenda como ela funciona

Você já ouviu falar no termo imunologia? Sabe o que é ela dentre as especialidades médicas? O termo imunologia tem sua origem no latim, derivando de immunis ou immunitas que apresenta como significado “isento de carga” – naquele tempo, tal carga referia-se a uma taxa imposta ao cidadão, uma norma ou lei de restrição de direitos e liberdade, ou, ainda, uma enfermidade.

A área da imunologia já apresenta certa tradição na medicina – sua origem ainda é discutida, mas determinados autores à remetem a Edward Jenner, que, em 1796, averiguou a proteção induzida pelo cowpox (vírus da varíola bovina) contra a varíola humana, denominando esse procedimento de vacinação. Ainda, o biólogo microbiologista e anatomista ucraniano Ilya Ilyich Mechnikov também é bastante lembrado nesse segmento por impulsionar os estudos nessa especialidade tendo, inclusive, recebido o prêmio Nobel de 1908 por seu trabalho, assim como outros médicos com estudos importantes envolvendo a área.

Desde então, naturalmente, a imunologia se desenvolveu e evoluiu, tendo hoje um papel central para a saúde e o bem-estar das pessoas. Vale ressaltar que a área mostra-se relevante não apenas para o tratamento das chamadas doenças autoimunes como também para outras enfermidades e para a prevenção das mesmas.

Neste artigo, descubra mais sobre o que é a imunologia, como é sua atuação, o tratamento para doenças autoimunes, entre outras informações importantes sobre o tema. Acompanhe a seguir:

Afinal, o que é imunologia?

A imunologia, como remete a própria denominação, é a ciência que estuda todos os aspectos do sistema imunológico – estrutura fundamental para a manutenção de nossa vida e que é responsável por defender o corpo contra as doenças, atuando como uma espécie de vigilante imunológico, auxiliando no combate às células do organismo que sofrem alterações, tais como as células tumorais. Ele também é conhecido como sistema imunitário ou sistema imune, sendo formado por células, tecidos, órgãos e moléculas aplicados para lidar com agentes estranhos ao organismo.

Portanto, tal área médica tem como foco o funcionamento fisiológico do sistema imune do organismo, estando ele em estado sadio ou não, e as suas desordens imunológicas como as doenças autoimunes, a hipersensibilidade, a imunodeficiência e a rejeição de transplantes, entre outras. Ainda, estuda também como tal sistema responde a fatores externos – os chamados antígenos, como veremos a seguir.

Desse modo, o sistema imune pode ser classificado como o conjunto de células, órgãos, tecidos e moléculas presentes nos seres vivos para eliminação de agentes estranhos, tais como vírus, bactérias, parasitas, agentes alérgicos, entre outros. 

Esse sistema apresenta, basicamente, dois tipos de defesa: as de imunidade celular e as de imunidade humoral. A primeira, refere-se às defesas mediadas de modo direto pelos linfócitos T matadores. Já a segunda refere-se às defesas envolvem anticorpos específicos, produzidos pelos linfócitos B maduros, e que estão presentes no plasma sanguíneo.

Normalmente, quando esse sistema apresenta alguma falha, é comum que o paciente apresente problemas, sendo mais comuns os quadros de infecções, que são desencadeadas por uma série de fatores. Dentre todos eles, o mais fácil de controlar são as infecções relacionadas a questões psicológicas. Isso porque, quando estamos muito estressados, física ou emocionalmente, ficamos mais suscetíveis a contrair determinadas infecções. No entanto, há outros exemplos, como os de origem genética, que apenas podem ter seus sintomas controlados, como veremos ao longo deste artigo.

Imunologia: antígenos x anticorpos

Para compreender melhor a especialidade, é importante também conhecer os conceitos de antígenos e de anticorpos, visto que nosso sistema imunológico, de modo geral, baseia-se na sua relação. Entenda a diferença:

Antígenos (Ag) – trata-se de toda a substância que, ao entrar em um organismo, é capaz de se ligar aos anticorpos ou ao receptor de célula B. Geralmente, inicia uma resposta imune, ativando seus linfócitos que, por sua vez, se multiplicam e mandam sinais que ativam outras respostas imunes adequadas ao invasor.

Ou seja, os antígenos são uma variedade de substâncias estranhas ao nosso corpo, podendo essas abranger vírus, outras células (como células de bactérias ou fungos) ou moléculas de proteínas.

Anticorpo (Ac) – também conhecidos como imunoglobulinas ou gamaglobulinas, eles têm a função de reconhecer, neutralizar e marcar antígenos para que sejam eliminados pelo nosso corpo. Os anticorpos são produzidos pelos linfócitos B e possuem a capacidade de inativar substâncias estranhas no corpo.

Ou seja: a imunologia, enquanto ciência, é a especialidade que estuda os antígenos e as doenças causadas por eles. O médico imunologista é o responsável clínico por tratar os efeitos destes antígenos no nosso corpo, indicando prevenções e tratamentos a esses corpos estranhos capazes de ocasionarem doenças no nosso organismo.

Como é a formação para tornar-se um imunologista?

Para se tornar um imunologista, o profissional deve concluir a graduação em carreiras da área biomédica e depois se especializar. Entre as especializações possíveis, podemos destacar:

  • Imunologia clínica – relacionada às doenças causadas por desordens do sistema imunológico. Exemplo: AIDS, doenças autoimunes e hipersensibilidades como asma e outras alergias.
  • Imunologia evolutiva – estuda a evolução das espécies e as modificações do sistema imunológico.
  • Imunologia reprodutiva – estudo voltado ao processo reprodutivo humano.
  • Imunologia do desenvolvimento – área voltada à reação do organismo de acordo com a idade, fatores hereditários e a área em que o antígeno é apresentado.
  • Imunoterapia – estuda o uso dos componentes do sistema imune para tratar uma doença, como, por exemplo, câncer e patologias autoimunes.
  • Imunologia celular – segmento de estudo voltado às diferentes populações de células que se envolvem nas respostas imunes – tais como as fagocitárias e os linfócitos.
  • Imunoparasitologia – área do saber focada na compreensão dos mecanismos de defesa do organismo contra os parasitos helmintos e protozoários.
  • Imunogenética – área que busca identificar os genes responsáveis por patologias como a artrite reumatóide (AR) e o lúpus eritematoso sistêmico (LES).

O profissional que se especializa em imunologia pode atuar em pesquisa acadêmica em universidades e outras organizações, em pesquisas na área de saúde e análises clínicas em hospitais, em clínicas e hospitais privados ou públicos ou mesmo atuar em seu próprio consultório.

Outros nomes comuns para a mesma formação do imunologista são a titulação de alergista e alergologista. Esse especialista é treinado durante pelo menos dois anos para atuar na área, na execução de procedimentos e exames para diagnóstico e tratamento dessas condições. Entre os procedimentos vistos nessa formação prática estão testes de alergia, testes de broncoprovocação, imunoterapia com alérgenos inalantes, testes cutâneos de hipersensibilidade tardia, avaliação da competência imunológica, manejo de condições clínicas crônicas, entre outras.

Ainda, os programas de Residência em Alergia e Imunologia que são credenciados pelo MEC apresentam a duração de dois anos, tendo como requisito a realização prévia de dois anos de Residência em Clínica Médica. A partir da conclusão dessas etapas, o profissional poderá receber a titulação de especialista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI).

Principais temas estudados pela Imunologia

A imunologia é uma área bastante abrangente. Entre seus principais temas de estudo, estão:

  • O funcionamento do sistema imunológico;
  • Motivos pelos quais o sistema imunológico enfraquece;
  • Reação do sistema imunológico aos elementos externos;
  • Vacinas, remédios, alimentação e todas as formas de fortalecer o sistema imunológico contra possíveis doenças;
  • Características fisiológicas e químicas do sistema imune;
  • Alergias;
  • Linfócitos e fagócitos – conhecidos como células de defesa do sistema imune;
  • Ações e funções dos anticorpos no sistema imunológico;
  • Doenças do sistema imunológico que ocorrem quando ele ataca e destrói tecidos saudáveis do corpo por engano. Entre as mais conhecidas podemos destacar lúpus, vitiligo, diabetes tipo 1, esclerose múltipla, hepatite autoimune, psoríase, doença de Chron, tireoidite de Hashimoto, doença celíaca, artrite reativa, entre outras.

Como identificar doenças autoimunes?

Há mais de cem tipos de doenças autoimunes (DAI) identificadas atualmente. São exemplos a esclerose múltipla, a artrite reumatoide, HIV,  Doença de Crohn, artrite psoriásica, espondilite anquilosante, doença celíaca, síndrome de Sjögren, alopecia areata, vasculite, arterite temporal, anemia perniciosa, anemia aplástica, dermatomiosite, fibrose retroperitoneal, hepatite autoimune, neutropenia autoimune, síndrome de Guillain-Barré, lúpus, diabetes tipo 1, entre outras.

A gravidade desse tipo de patologia está relacionada aos órgãos e tecidos afetados. Nesse sentido, as glândulas endócrinas são as mais comumente impactadas. Componentes do sangue também podem ser comprometidos por essas doenças, assim como as articulações, os tecidos conjuntivos, a pele e os músculos. Ainda, essa condição pode manifestar-se como sistêmica, afetando múltiplos órgãos e até mesmo levando à morte – como pode ocorrer com o lúpus não controlado.

No caso das crianças, a Fundação Jeffrey Modell (EUA), entidade com foco nos pacientes que apresentam imunodeficiências primárias (IDP), desenvolveu uma relação com dez sinais de alerta para se começar uma investigação dessas condições no público infantil. São eles:

1. Duas ou mais pneumonias registradas no último ano;
2. Quatro ou mais episódios novos de otite no último ano;
3. Estomatites de repetição ou monilíase por mais de dois meses;
4. Abscessos de repetição ou ectima;
5. Um episódio de infecção sistêmica grave (meningite, osteoartrite, septicemia);
6. Infecções intestinais de repetição ou diarreia crônica;
7. Asma grave, doença do colágeno ou doença autoimune;
8. Efeito adverso à vacina do BCG e/ou infecção por micobactéria;
9. Manifestações clínicas sugestivas de síndrome associada à imunodeficiência;
10. Histórico familiar de imunodeficiência.

No entanto, é importante ter em mente que, de modo geral, as causas das doenças autoimunes ainda apresentam diversas nuances desconhecidas. Seus sintomas, por vezes, confundem-se com os de outras condições – sobretudo as mais generalistas, tais como cansaço, febre e emagrecimento. Porém, acredita-se que fatores externos estejam envolvidos na ocorrência dessa condição, principalmente quando há predisposição genética e o uso de determinados medicamentos.

Sendo assim, para detectar doenças imunológicas, uma série de exames podem ser solicitados após a visita ao médico. Por meio do exame de sangue, por exemplo, é possível detectar presença de inflamações, que podem indicar uma doença imunológica; quantidade de glóbulos vermelhos no sangue; teste de velocidade dos glóbulos vermelhos; detectar anticorpos antinucleares, presentes no lúpus, além de anticorpos que estão na artrite reumatoide. 

Portanto, identificar essa condição com precisão, assim como determinar o tratamento mais adequado são ações possíveis somente com o auxílio de um médico – na verdade, é comum que o tratamento desse tipo de doença envolva mais de um especialista, como endocrinologista, reumatologista e dermatologista. Por tudo isso, como seus sintomas são mais difíceis de serem analisados de modo isolado, o autodiagnóstico pode se mostrar bastante equivocado e causar problemas e atrasos nocivos em seu tratamento.

Como é o tratamento de doenças autoimunes?

De acordo com dados, o processo patológico conhecido como doença autoimune atinge em torno de 2% da população e esse número tende a crescer, visto que a incidência dessa condição tem aumentado na contemporaneidade. Fatores como a influência hormonal e aqueles ambientais, como a exposição por longo período a produtos químicos, têm sido estudados por especialistas da área para buscar uma razão que explique mais precisamente tal fenômeno. 

O tratamento para essas doenças varia conforme o caso e sua gravidade. No entanto, ele pode envolver corticoterapia, imunosupressores, antibióticos, vacinas, infusão de imunoglobulina intravenosa a fim de repor anticorpos quando o organismo não os produz de modo adequado, suplementação de vitamina D, mudanças de hábitos, entre outras ações. É importante ressaltar que esse tipo de condição é crônica, isso é, não pode ser curada, portanto, o tratamento envolve o controle de seus sintomas a fim de proporcionar mais bem-estar e qualidade de vida ao paciente.

Um estudo divulgado na revista Science Signaling apresentou o fato de o público feminino possivelmente estar mais suscetível a desenvolver essas doenças por elas estarem relacionadas a um receptor de estrogênio localizado em células de defesa do organismo. Esse componente atua intensificando a ação do estrogênio que estimula o sistema imunológico a atacar o próprio organismo. A partir de estudos como esse, torna-se possível desenvolver tratamentos para doenças autoimunes com base na inibição do receptor de estrogênio em células de defesa do organismo.

Desse modo, cientistas do mundo todo estão sempre em busca do desenvolvimento de opções de tratamento para esse tipo de condição. Novos remédios biológicos e intervenção genética estão entre as alternativas que já estão sendo testadas atualmente a fim de proverem uma abordagem cada vez mais individualizada para se lidar com o problema. 

Ainda, busca-se aperfeiçoar os métodos e as ferramentas de diagnóstico, a fim de detectar mais precocemente quadros potenciais desse tipo de enfermidade e, quem sabe, alcançar remissões no longo prazo ou mesmo permanentes e a cura de doenças autoimunes. A chamada imunogenética também pode ser uma solução importante para o futuro. Por meio dela, seria possível fazer a manipulação dos genes a fim de se desenvolver sistemas de defesa mais eficazes e dirimir os problemas causados pelas doenças autoimunes.

Quando procurar um médico imunologista?

Como vimos, os sinais e os sintomas de uma doença desse tipo, muitas vezes, podem ser confundidos com outros problemas de saúde. Por isso, a recomendação é que se a pessoa apresentar um mesmo problema (ou mais de um) diversas vezes, deve se preocupar em procurar um profissional da área da imunologia.

De toda forma, é preciso estar alerta a sintomas como infecções recorrentes, abscessos, doenças gerais causadas por fungos, vírus e bactérias; reações alérgicas; pneumonias e resfriados recorrentes; otites constantes; estomatite de repetição ou monilíase; infecção sistêmica grave; diarreia crônica ou infecção intestinal de repetição; asma grave; efeito adverso ao BCG; um quadro clínico associado à imunodeficiência e um histórico familiar de imunodeficiência.

Como os sintomas são variados, nesse tipo de caso, é comum que os pacientes nem sempre saibam bem com qual médico se consultar. Nessas situações, é indicado procurar um clínico geral para que ele indique qual médico deve ser requisitado. No entanto, se você possui algum problema com seu sistema imunológico ou histórico familiar, então pode ser proativo e buscar diretamente o apoio de um imunologista, que será o médico mais indicado para tratar desse tipo de patologia.

É importante lembrar de que cada organismo é único e, por isso, reações e sintomas diferentes podem aparecer variando de uma pessoa para outra. Por isso, não hesite em procurar um profissional qualificado para se consultar em caso de qualquer anormalidade com a sua saúde.

Imunologia na Clínica Croce

Na Clínica Croce, contamos com um corpo médico que contempla especialistas de diversas áreas, incluindo a imunologia. A clínica é uma das mais conceituadas do país e disponibiliza imunologistas com ampla experiência e prontos para fornecerem o atendimento qualificado e humanizado que o paciente precisa na área clínica, ambulatorial e cirúrgica.

A clínica conta com estrutura, equipamentos e metodologias modernas para dar o suporte necessário à área de imunologia. O corpo clínico da Croce está preparado para prestar atendimento qualificado e especializado, por meio de exames, testes, consultas, diagnósticos e encaminhamento de tratamentos diversos.

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