Entre os dias 13 e 19 de maio, comemora-se a Semana de Conscientização da Alergia alimentar. Essa condição atinge cerca de 8% das crianças com até 2 anos, e 2% dos adultos, sendo uma das alergias que mais crescem no mundo. A alergia alimentar pode provocar complicações, especialmente quando não tratadas rapidamente. Por isso, é indispensável conhecer mais sobre seus sintomas, e riscos. Continue a leitura para ficar por dentro deste assunto tão importante.
O que é alergia alimentar?
A alergia alimentar tem como característica a reação diante de um determinado alimento. O mecanismo imunológico apresenta diversos sintomas clínicos que envolvem o sistema respiratório, gastrointestinal e cutâneo. Quando a alergia tem o diagnóstico e tratamento correto, é possível conviver normalmente com essa condição.
É comum que a alergia alimentar e a intolerância alimentar sejam confundidas. No entanto, na alergia, o organismo provoca uma reação imunológica medida pelo IgE, anticorpo produzido em excesso nessa ocasião. Desse modo, os sintomas surgem logo após a ingestão do alimento. Por sua vez, na intolerância alimentar, avalia-se a reação pelo IgG, anticorpo produzido na fase tardia da infecção. Assim, essa apresenta manifestações que demoram até mesmo alguns dias para surgirem.
Qualquer tipo de alimento pode provocar reações alérgicas. Contudo, alguns em especial costumam causar crises com maior frequência. Entre os mais envolvidos estão o leite de vaca, soja, amendoim, trigo, castanhas, peixes e crustáceos. Consequentemente, esses alimentos provocam reações graves, como a anafilaxia, com grande frequência. Outro risco para pessoas com alergia alimentar está nas reações cruzadas.
Isso ocorre quando um alimento diferente pode induzir a resposta alérgica semelhante no mesmo indivíduo. Ou seja, quando uma pessoa alérgica a camarão, por exemplo, não tolera outros crustáceos, como siris e lagostas. Nessas duas condições o organismo pode reagir de forma distinta. Enquanto na intolerância ocorrem dificuldades para a digestão e sintomas gastrointestinais, na alergia os sintomas apresentam-se mais graves, visto que o corpo identifica o alimento como um agente agressor.
Qual a importância da Semana de Conscientização da Alergia Alimentar?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) criou a Semana de Conscientização da Alergia Alimentar visando alertar as pessoas sobre a importância do assunto. Afinal, essa é uma condição que pode causar a morte. Isso porque, o alimento que dispara a alergia também envolve o sistema imunológico, provocando uma resposta para defender o corpo.
A data é fundamental visto que o número de novos casos estão aumentando no Brasil e no mundo. Assim, crianças com idade precoce já apresentam reações anafiláticas com frequência, colocando suas vidas em risco. Por isso, a informação é importante, contribuindo para que a sociedade entenda como é possível tratar e prevenir tais crises.
Como são os sintomas da alergia alimentar?
As manifestações clínicas na alergia alimentar podem variar conforme o indivíduo, alimento e quantidade. Além disso, os sintomas podem ser leves e graves. Entre os mais brandos, podemos citar a coriza, espirros, inchaço em rosto e olhos, dores abdominais, diarreia e nariz entupido.
Entretanto, os sintomas graves envolvem coceira e vermelhidão na pele, inchaço da boca, nariz e olhos, dores no abdômen, náusea, diarreia, tontura e suor intenso. Do mesmo modo, estão presentes manifestações respiratórias, como chiado, dificuldade para respirar e sensação de oclusão da garganta.
Em muitos casos, a alergia pode ser fatal quando seu risco não é valorizado. Afinal, o mínimo contato acidental com um alimento alérgeno, comum em ingredientes ocultos durante a alimentação, pode colocar a vida do indivíduo em risco, provocando anafilaxia.
Anafilaxia
A anafilaxia representa uma reação alérgica súbita e grave. Nesse caso, é necessário socorro imediato. Quando ocorre devido a alimentação, o alimento provoca a liberação de substâncias químicas que determinam um quadro grave de resposta sistêmica. Assim, a resposta acontece por coceira, inchaço, tosse, rouquidão, vômito, queda da pressão arterial, arritmia cardíaca e choque.
Quais os riscos de complicações?
Por falta de conhecimento adequado, muitos não consideram a alergia alimentar como uma doença perigosa. Contudo, seus sintomas podem ser graves e fatais. Desse modo, para uma pessoa com alergia a alimentos, somente o toque, inalação ou ingestão de uma quantidade mínima da substância alérgena pode apresentar risco de morte. O risco para complicações graves da doença é ainda maior quando existem condições associadas, como a asma, por exemplo. Além disso, o risco é aumentado em bebês, crianças e adolescentes.
FPIES
Alguns tipos de alergia alimentar podem ameaçar a vida, como é o caso da FPIES (Food Protein-Induced Enterocolitis Syndrome, em inglês). Essa é a síndrome de enterocolite induzida por proteínas alimentares, e é uma forma de alergia que ocorre devido às proteínas em determinados alimentos, como leite de vaca, leite de soja, cereais, frutas, peixes, entre outros.
Esofagite eosinofílica
Outra condição que associa-se à alergia alimentar e pode ser fatal é a esofagite eosinofílica. Essa doença tem como característica a presença de grande número de eosinófilos, tipo especial de células que desempenham um papel importante na resposta do organismo a reações alérgicas. Na esofagite eosinofílica, os eosinófilos podem provocar inflamação no esôfago, o que causa o endurecimento ou estreitamento do órgão que, por sua vez, pode apresentar dificuldades para conduzir a deglutição ou mesmo causar a impactação do alimento no esôfago.
É possível tratar essa condição?
A alergia alimentar apresenta tratamento eficaz. Até pouco tempo, a conduta para essa condição envolvia somente o uso de medicamentos para diminuir os sintomas, controlar as crises, e a eliminação dos alimentos da rotina do indivíduo. No entanto, a imunoterapia oral, ou dessensibilização oral, é uma alternativa recente que apresenta grandes conquistas para pessoas com alergia alimentar. O tratamento é efetivo e disponível em clínicas especializadas para a maioria dos indivíduos com esse tipo de alergia.
Para a dessensibilização, o paciente ingere doses mínimas, contínuas e crescentes do alérgeno em sua dieta, com intervalos regulares, tornando o organismo tolerante. Visto que cada alimento possui um protocolo específico e diferente, o tratamento para dessensibilização deve ocorrer segundo indicação, orientação e acompanhamento médico. Assim, o procedimento permite evitar que pacientes alérgicos que são expostos acidentalmente aos alimentos tenham reações. Além disso, em alguns casos, permite até mesmo o consumo em porções sem risco.
A Semana de Conscientização da Alergia Alimentar é uma data essencial para levar informações a respeito do risco das reações alérgicas provocadas por alimentos. Além disso, permite orientar a população sobre a possibilidade de tratamentos especializados que contribuem diminuindo os riscos de complicação e morte entre essas pessoas.
Gostou destas informações? Conheça mais sobre a FPIES, doença rara entre as alergias alimentares!