As alergias alimentares podem ser graves e, em alguns casos, ameaçarem a vida do indivíduo. A FPIES (Food Protein-Induced Enterocolitis Syndrome, em inglês), e representa uma dessas ameaças. Essa síndrome de enterocolite induzida por proteínas alimentares é uma forma de alergia alimentar que ocorre devido às proteínas em determinados alimentos, como leite de vaca, leite de soja, cereais, frutas, peixes, entre outros.
Após a ingestão, a FPIES provoca sintomas gastrointestinais que, quando não tratados, podem levar a situações graves. Por isso, é muito importante que a doença seja diagnosticada rapidamente, especialmente por ocorrer em crianças entre os primeiros meses de vida. A seguir, conheça mais sobre essa doença rara dentro das alergias alimentares.
Como a doença é caracterizada?
A síndrome caracteriza-se por sintomas gastrointestinais, além de uma resposta inflamatória. Sua apresentação clínica difere conforme o tipo agudo ou crônico. Quando o alimento alérgeno é parte da dieta, a FPIES apresenta sintomas crônicos. Os quadros graves podem desenvolver-se nos primeiros dias de vida do bebê.
Além disso, pode estar presente entre as primeiras ofertas do alimento. As reações gastrointestinais são resposta de linfócitos T, células responsáveis pela defesa de infecções, e acontecem em até 40% devido à hipersensibilidade induzida por proteínas do leite de vaca, em crianças entre 3 a 7 anos.
A quais alimentos a FPIES está associada?
A síndrome da enterocolite induzida por proteína alimentar associa-se principalmente ao leite de vaca, leite de soja e arroz. Contudo, também podem provocar reações alimentos como aveia, milho e cereais em geral, frango, peixes, ovos, leguminosas, frutas frescas e moluscos.
A reação induzida entre o primeiro e terceiro mês de vida costuma ocorrer tipicamente pela oferta de leite de vaca e soja. Desse modo, o prolongamento do aleitamento materno exclusivo pode resultar no aparecimento tardio da doença, resultado do atraso na introdução de alimentos.
O que provoca os sintomas?
A fisiopatologia da FPIES ainda não é inteiramente conhecida. Especialistas acreditam que a doença seja resultado de defeitos na função imunológica associada à barreira do sistema digestivo. Assim, a inflamação local resultante da ingestão do alimento alérgeno provoca o aumento da permeabilidade intestinal e desvio dos fluidos, provocando os sintomas.
Como é o diagnóstico da FPIES?
Na FPIES, o médico baseia o diagnóstico na história clínica, exclusão de outras doenças e a prova por provocação oral. Além disso, o teste epicutâneo tem sido uma ferramenta promissora no diagnóstico da doença, visto que o teste cutâneo costuma ser negativo na maioria dos pacientes. A prova de provocação oral é o teste de padrão ouro para diagnosticar a síndrome da enterocolite induzida por proteína alimentar.
Entretanto, o exame pode ser dispensado em crianças com histórico típico, e quando os sintomas são resolvidos após a remoção do alimento causador da dieta. Realiza-se o teste de provocação oral sob supervisão médica em ambiente especializado, em que o paciente tenha acesso venoso periférico e siga em observação por duas horas, retornando em 24 horas.
Assim, o profissional administra doses mínimas de proteína alergênica, conforme o peso corporal da criança, para a avaliação. Exames complementares também contribuem para o diagnóstico dessa alergia alimentar rara, como a endoscopia e colonoscopia, de modo a avaliar sangramentos, ulcerações, edemas e abcessos.
Como tratar a enterocolite induzida por proteína alimentar?
O tratamento da FPIES consiste na identificação do alimento alérgeno e a retirada do mesmo da dieta do paciente. Em lactantes, o aleitamento materno exclusivo pode contribuir para a saúde da criança. Quando isso não é possível, como em casos em que o bebê precisa receber complementação com fórmula infantil, recomenda-se o uso de leite extensamente hidrolisado.
Afinal, em até 60% dos casos da síndrome, as manifestações ocorrem em contato com leite de vaca e soja. Em situações emergenciais, medicamentos ajudam a diminuir os sintomas gastrointestinais e restaurar a estabilidade hemodinâmica da criança. Em casos mais graves, o médico pode recorrer à indicação de leites à base de aminoácidos ou alimentação parentérica.
A FPIES é uma doença rara dentro das alergias alimentares de difícil diagnóstico. Por isso, exige elevado grau de especialidade. Quando não identificado rapidamente, pode ser fatal, causando crises de anafilaxia na criança, além de complicações como baixo desenvolvimento e desnutrição devido à má absorção.
Além do diagnóstico precoce, o tratamento adequado da FPIES é fundamental para garantir a saúde e qualidade de vida, identificando e retirando o alimento alérgeno da dieta. Do mesmo modo, o acompanhamento médico rigoroso é indispensável, auxiliando na avaliação de novos alimentos para a rotina da criança.
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