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Cirurgia reparadora pós-bariátrica: opcional ou obrigatória?

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A cirurgia reparadora pós-bariátrica é uma técnica realizada para corrigir deformidades causadas pela perda excessiva de peso após o procedimento cirúrgico destinado a reduzir o tamanho do estômago, indicado para indivíduos com obesidade mórbida.

Ainda que seja uma cirurgia necessária em muitos casos, a bariátrica pode apresentar sérios prejuízos à postura, equilíbrio, vida sexual e integração social do indivíduo. Por esse motivo, a cirurgia reparadora pós-bariátrica foi desenvolvida. A seguir, entenda quando esse procedimento deve ser feito, e quais os tipos realizados.

O que é cirurgia bariátrica?

A cirurgia bariátrica é um tratamento avançado para a obesidade, e se trata de um procedimento cirúrgico onde é feita a diminuição do estômago. O processo é indicado para pessoas que não conseguem diminuir o peso somente com alimentação adequada e exercícios físicos.

A cirurgia apresenta bons resultados, reduzindo em até 70% o peso original do indivíduo, ajudando a melhorar a saúde e qualidade de vida. Contudo, em alguns casos, o emagrecimento excessivo resulta em grande volume de pele, gerando flacidez em regiões como abdômen, seios e braços.

Essa condição acaba afetando o bem-estar físico, mental e social, dificultando a pessoa em seus relacionamentos, diminuindo a autoestima e, em alguns casos, levando a problemas como a depressão e ansiedade. Para que isso seja corrigido, a cirurgia reparadora pós-bariátrica é indicada.

Quem pode fazer a cirurgia bariátrica?

A cirurgia bariátrica pode ser indicada para pessoas com obesidade de grau III classificada em indicadores como o IMC (índice de massa corpórea). Além do peso, outros critérios também são considerados no momento da decisão pela cirurgia.

O médico avalia as condições do paciente, observando se a perda de peso por meios tradicionais, como mudanças na alimentação, exercícios físicos e uso de medicamentos, não são capazes de contribuir para a perda de peso.

A cirurgia bariátrica também é realizada em pessoas que, além do peso elevado, apresentam outros sintomas relacionados à obesidade, como hipertensão, apneia do sono, alterações no fígado, problemas circulatórios e diabetes.

Como é o procedimento?

Atualmente, existem 4 tipos de cirurgias bariátricas que podem ser realizadas no Brasil, segundo a autorização do CFM (Conselho Federal de Medicina). O método escolhido para cada paciente é definido pelo médico, de acordo com sua observação de histórico médico, sintomas, e exames prévios. 

De forma geral, os procedimentos costumam ser realizados com auxílio da videolaparoscopia (uma via de procedimento minimamente invasivo). São feitas pequenas incisões no abdômen do paciente, e uma dose de gás é injetada, mantendo-o inflado para ajudar no procedimento.

Em seguida, um tubo fino e flexível é inserido com uma câmera na ponta. Em outros tubos inseridos, estão tesouras e bisturis. Assim, o procedimento é realizado sem grandes cortes, apenas pela orientação de uma imagem de câmera. Confira os 4 tipos de cirurgia bariátrica realizados.

Gastrectomia vertical

A gastrectomia vertical é uma cirurgia em que boa parte do estômago é removida. Dessa forma, o órgão se transforma em um pequeno tubo. Esse tipo de cirurgia bariátrica não pode ser revertida.

Banda gástrica ajustável

Nesse tipo de cirurgia é colocada uma pequena faixa de silicone ao redor do estômago do indivíduo, de modo a reduzir a área do órgão. Essa faixa pode se tornar mais apertada ou solta, de acordo com cada caso. Além disso, também pode ser removida quando necessário, por isso, é considerado um procedimento reversível.

Gastroplastia em Y

Na gastroplastia em Y é removido o estômago do paciente, realizando um desvio para o duodeno, na porção inicial do intestino. Dessa forma, diminui-se a quantidade de calorias que pode ser absorvida pelo organismo do paciente.

Derivação Gástrica

Por fim, a derivação gástrica é responsável por limitar a absorção dos alimentos por meio de um desvio, assim como a gastroplastia. Nesse método, o trajeto da comida e suco gástrico, quando se encontram, possuem menor tempo para reação química da digestão, minimizando a quantidade de calorias absorvidas.

Consequências da cirurgia bariátrica

Após a cirurgia bariátrica, o paciente deve realizar acompanhamento adequado para evitar problemas relacionados à saúde, como deficiências nutricionais. Entretanto, para muitas pessoas que realizam esse procedimento esse não é o principal problema.

Ainda que o paciente consiga perder uma quantidade considerável de gordura corporal, evitando complicações que poderiam causar graves quadros, o excesso de pele mantido no corpo acaba se tornando um grande incômodo.

Dessa forma, mesmo que olhe o próprio reflexo no espelho com muitos quilos a menos, o indivíduo acaba se enxergando com contornos que não desejava. Essa sobra de pele em diversas regiões como abdômen, braços, coxas e mamas são comuns, e podem estar presentes também na região do rosto e pescoço.

Assim, ainda que o paciente esteja magro, não se sente confortável em seu próprio corpo, apresentando riscos para problemas psicológicos, baixa autoestima, depressão, ansiedade entre outros. Nesse contexto, a cirurgia reparadora pós-bariátrica é a melhor solução para evitar tais danos, retirando a pele em excesso em algumas regiões e melhorando a qualidade de vida da pessoa.

O que é cirurgia reparadora pós-bariátrica?

O excesso de pele após o procedimento costuma apresentar maior volume em áreas como braços, coxas e abdômen. De acordo com a quantidade de peso perdido, outras áreas também podem ser afetadas, como a região das mamas, tornando-as mais flácidas.

A cirurgia reparadora pós-bariátrica tem como objetivo auxiliar o paciente que perdeu uma quantidade significativa de peso, resultando no excesso de pele. É natural que, após a perda de peso, pele e tecidos não mantenham a elasticidade necessária, causando flacidez. 

Essa intervenção cirúrgica reparadora visa tirar o excesso de pele, auxiliando o paciente não só na autoestima, mas também na locomoção e recuperação do contorno corporal. O procedimento contribui para melhorar o tônus e a forma do tecido.

Quando fazer a cirurgia pós bariátrica?

A cirurgia reparadora pós-bariátrica deve ser realizada quando a meta de peso estimulada for atingida, ou quando o peso do indivíduo for estabilizado. Isso ocorre entre 1 a 2 anos após a cirurgia bariátrica.

É importante ressaltar que o paciente que se submete a cirurgia reparadora pós-bariátrica deve manter suas mudanças de hábitos, buscando melhorar sua qualidade de vida. Isso porque, o procedimento é capaz de oferecer um corpo delineado, no entanto, é preciso realizar o pós-operatório de forma rigorosa.

Tipos de cirurgia reparadora pós-bariátrica

O excesso de pele e tecidos após o procedimento bariátrico pode ser revertido por meio dos diferentes tipos de cirurgia reparadora pós-bariátrica, que combinam diferentes técnicas de reestruturação, como:

  • Mamoplastia – levantamento das mamas;
  • Abdominoplastia – retirada do excesso de pele abdominal;
  • Braquioplastia – retirada do excesso de pele dos braços;
  • Gluteoplastia – colocação de próteses de silicone nos glúteos;
  • Lipoaspiração – retira gorduras localizadas;
  • Lifting Crural – retirada do excesso de pele das coxas;
  • Ritidoplastia – ameniza flacidez facial.

Entre as técnicas mais utilizadas na cirurgia reparadora pós-bariátrica, estão a abdominoplastia pós-bariátrica, lifting de mama e braquioplastia. Conheça um pouco mais sobre elas.

Abdominoplastia pós-bariátrica

A abdominoplastia pós-bariátrica é uma cirurgia realizada para a remoção de excesso de pele do corpo. Em grande parte dos casos, é escolhida para pacientes que já tiveram múltiplas gestações, passaram por oscilações de peso, ou que apresentam excesso de pele causada pela cirurgia bariátrica.

O procedimento é feito com a aplicação de anestesia geral ou peridural com sedação. São realizadas incisões na região abdominal do indivíduo, para a remoção de gordura e exposição de músculos abdominais. 

Para que fiquem firmes, os músculos da região são suturados, melhorando o contorno da região. O processo ajuda também na eliminação da diástase, nome dado para a separação dos músculos da região do abdômen. 

O excesso de pele é removido e a região é esticada. No procedimento, o umbigo é realizado por meio de uma pequena incisão. Como resultado, obtém-se a remodelação do corpo com a remoção de pele e tecidos sobressalentes.

Como qualquer outro procedimento cirúrgico, para que a abdominoplastia pós-bariátrica tenha o resultado esperado, é fundamental que o paciente siga as orientações médicas. Entre elas, usar uma malha compressiva por, no mínimo, 35 dias.

Esse item auxilia a recuperação evitando o acúmulo de líquido na região, assim como a formação de trombos. Também é importante evitar exercícios físicos e atividades de esforço por, no mínimo, 15 dias. 

Lifting de mama pós-bariátrica

A mastopexia é o procedimento também conhecido por lifting de mama pós-bariátrica, e tem como objetivo levantar os seios, revertendo a queda natural devido ao excesso de pele, resultado do excesso de peso eliminado. A técnica reposiciona a aréola e retira o excesso de tecido na região, sendo realizada com anestesia geral com sedação local. 

O especialista realiza marcações nas áreas da mama em que será removido o excesso de pele e então, são feitas incisões na região demarcada, geralmente ao redor dos mamilos, estendendo para uma linha vertical até a base do seio. Após a remoção da pele e gordura, suturas são realizadas, de modo a garantir um novo aspecto de firmeza à mama.

A recuperação para esse procedimento é rápida e tranquila, desde que todos os cuidados sejam realizados. Alguns cuidados exigidos são o uso de sutiãs modeladores sem costura durante todo o tempo no primeiro mês, permitindo a remodelação correta e evitando o acúmulo de líquidos e a formação de trombos.

Braquioplastia pós-bariátrica

A braquioplastia é outra cirurgia reparadora pós-bariátrica que auxilia na remoção de pele e excesso de gordura. Esse procedimento é voltado para a retirada dos excessos na região do braço, deixando-o com aspecto harmonioso em relação ao corpo.

A cirurgia é realizada a partir de anestesia local com sedação ou uma anestesia geral, de acordo com a escolha do médico Após a anestesia, o reposicionamento da pele é realizado por meio de sua remoção, eliminando a flacidez.

Assim como o lifting de mama, os resultados são rápidos, com recuperação de 30 dias. É necessário o uso de malha compressiva nesse período, evitando a formação de trombos e excesso de líquidos. 

Também é necessário evitar atividades físicas, de modo a proteger os pontos e garantir uma cicatrização adequada. O resultado final só pode ser observado após 3 meses, é possível visualizar o contorno corporal adequado, após a eliminação do inchaço.

Cobertura das cirurgias pós-bariátrica

De acordo com a decisão da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) a cirurgia reparadora pós-bariátrica para retirada de excesso de pele deve ser custeada por planos de saúde.

Segundo o ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Dr. Marcos Leão, muitos pacientes não realizam a cirurgia reparadora pós-bariátrica devido ao preconceito. 

É preciso entender que a obesidade é uma doença grave, e em estágios avançados, é fundamental partir para múltiplas abordagens, buscando a melhora na saúde e qualidade de vida do paciente. 

Desse modo, a cirurgia reparadora é um complemento para os casos extremos, em que existe excesso de pele em grande quantidade. Além disso, o procedimento contribui para resultados positivos na cirurgia bariátrica, especialmente quando realizada de forma tardia, em indivíduos com grau de obesidade elevado, resultando em flacidez e excesso de pele abundante.

O STJ confirmou a decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) que condenou uma operadora de plano de saúde a custear cirurgia reparadora pós-bariátrica, por ter se recusado a cobertura de forma indevida, e indenizando uma paciente por danos morais.

O entendimento do Judiciário já em primeira instância é de que a cirurgia reparadora não conta com finalidade puramente estética, mas sim de caráter funcional. As cirurgias devem ser realizadas quando o objetivo da perda de peso estipulada pelo cirurgião bariátrico for atingido ou quando o paciente tiver seu peso estabilizado. 

Além disso, o médico deve selecionar pacientes que estejam com IMC abaixo de 30. Para aqueles acima de 30, a decisão deve ser ponderada somente se houverem razões mais fortes.

Considerando que a estabilização do peso acontece entre 1 e 2 anos após a cirurgia bariátrica, alguns casos podem necessitar de cirurgia reparadora pós-bariátrica muito antes da estabilização. Ou seja, quando o excesso de pele prejudica funções, como, por exemplo, a locomoção do indivíduo.

O que fazer em caso de recusa do plano de saúde para a realização da cirurgia reparadora pós-bariátrica? 

Como vimos, por decisão do STJ, os planos de saúde não podem se recusar a cobrir a cirurgia reparadora pós-bariátrica. No entanto, muitas operadoras utilizam o conceito de procedimento estritamente estético, negando sua realização.

Essa afirmação não se sustenta, por esse motivo, ao se deparar com um caso como esse, é importante que o paciente procure um advogado para avaliar a situação e solicitar a realização do procedimento cirúrgico judicialmente. Além disso, é importante destacar que a recusa indevida da realização da cirurgia reparadora pode gerar indenização ao paciente por danos morais sofridos.

Existem casos em que a justiça determinou a realização da cirurgia? 

Sim, não só diante de operadoras de planos de saúde, mas a cirurgia reparadora pós-bariátrica também já foi conquistada de maneira judicial no próprio SUS (Sistema Único de Saúde).

O procedimento deve ser realizado visto que é a continuação do tratamento de obesidade, eliminando excesso de pele e tecidos que podem prejudicar a autoestima e locomoção do paciente após a perda de peso devido à cirurgia bariátrica.

Ainda que a cirurgia reparadora não seja um processo obrigatório, visto que em alguns casos essa alternativa não é necessária, ela é um direito de pacientes que precisam realizar a retirada de excessos que podem atrapalhar suas atividades rotineiras.

Desse modo, a cirurgia reparadora pós-bariátrica é indicada para pessoas com obesidade mórbida, que apresentam grande perda de peso após o procedimento bariátrico. Assim, é possível garantir o restabelecimento da saúde, bem-estar e qualidade de vida do indivíduo de forma integral.

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